Por equipe de comunicação ABES/BWW
A programação do Brazil Water Week – Semana da Água do Brasil deste dia 24 de maio foi encerrada com a “Sessão 7.1 – Mudanças Climáticas e eventos extremos – quais são os impactos na água e no saneamento?”, que inaugurou a programação de palestras do Tema 7 – Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Sustentabilidade.
O tema é considerado um dos eixos desta edição da BWW, que propõe fazer um overview das estratégias que o envolvem em níveis nacional e internacional ao discutir os impactos causados por eventos extremos de chuvas intensas, que geram catástrofes, principalmente em áreas urbanas, com perdas materiais, financeiras, entre outros problemas e possíveis soluções.
Em sua terceira edição, a BWW, uma realização da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – ABES e acontece online até esta sexta (27), em plataforma exclusiva e interativa. Toda a programação do primeiro dia está aberta no canal da ABES no YouTube (clique aqui para assistir). Os inscritos têm 90 dias para acessar todo o conteúdo da programação.
Sob a coordenação e moderação de Sérgio Ayrimoraes, coordenador da Superintendência de Planejamento da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico – ANA, os convidados para debater este tema foram Flávia Moraes, geógrafa física e climatologista atualmente docente da Georgia State University, Departamento de Geociências, em Atlanta, Geórgia (EUA); Saulo Aires de Souza, coordenador de Estudos Hidrológicos na Superintendência de Planejamento da ANA; Maryann Anttonieta Ramirez Calisto, diretora de Estratégias e Novos Modelos de Conservação da The Nature Conservancy – TNC, do Chile; e Emerson Martins Moreira, gerente da Divisão de Gestão e Desenvolvimento Operacional de Recursos Hídricos da Sabesp.
Segundo Ayrimoraes, a primeira sessão foi preparada com o objetivo de buscar fazer a discussão gradativa deste tema. “Vamos começar com uma abordagem mais ampla e global sobre a questão das mudanças climáticas, na sequência trataremos dos impactos nas questões relacionadas ao clima e os recursos hídricos, além de abordagens sobre o contexto das bacias hidrográficas, a conservação da água e finalizar com os impactos na área urbana e do setor de saneamento”, destacou.
A primeira palestrante, a jornalista e professora Flávia Moraes, abordou o panorama das mudanças climáticas com destaques para dados do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas – IPCC, divulgado no final de 2021. “Os cientistas do clima são categóricos em dizer que não existe mais uma discussão e dúvidas de que as mudanças climáticas estão ocorrendo e são consequências das atividades humanas. Hoje, existe um consenso entre os climatologistas de mais de 97% da comunidade científica sobre isso, refutando os questionamentos dos negacionistas do clima. O aquecimento está acontecendo e somos nós que estamos causando isso”, alertou.
Segundo Flávia Moraes, vários fatores estão influenciando as mudanças do clima em nível global, detalhando alguns indicadores que mostram os aumentos do calor em nível mundial, aumento da temperatura dos oceanos, dos gases de efeito estufa (GEE), da temperatura do ar sobre a superfície terrestre, entre outros parâmetros e seus principais impactos no meio ambiente.
Ela destacou questões sobre o ciclo da água, com dados do IPCC que demonstram que o aumento da temperatura global vai intensificar os períodos muito úmidos e os muitos secos. “Isso significa que os extremos vão ficar mais extremos, dependendo da região e da circulação atmosférica”, ressaltou, finalizando com as perspectivas para os cenários das mudanças climáticas no futuro.
Na sequência Saulo Aires de Souza, da ANA, fez uma contextualização em que relacionou as mudanças climáticas e os recursos hídricos trazendo uma visão mais nacional com pontuações sobre a influência das mudanças climáticas na segurança hídrica do país, os quais causam problemas na infraestrutura e gestão, ocasionam eventos climáticos extremos e usos da água, prejudicando a disponibilidade hídrica nas regiões afetadas. “Nossa linha de atuação é entender os fatores, principalmente associados aos eventos climáticos extremos e que vem causando as questões da crise hídrica”, explicou.
Saulo informou ainda sobre algumas ações da ANA na questão do clima e exemplos de impactos do clima em setores, como a da produção da cana-de-açúcar no Brasil e as análises sobre os custos-benefícios dos riscos físicos e climáticos totais nos cenários que envolvem os recursos hídricos no País. “Precisamos trabalhar com um cenário amplo e representativo de possíveis mudanças que ocorrem e, por sua vez, as incertezas associadas à própria vazão dos recursos hídricos”, pontuou.
O especialista da ANA mostrou também os principais resultados para o cenário 2010-2040 no âmbito dos recursos hídricos, com base no Atlas de Irrigação e, em suas conclusões, pontuou as principais mensagens da agência reguladora para avaliação das mudanças climáticas e recursos hídricos no Brasil.
Maryann Ramirez, da TNC, trouxe uma visão internacional para a sessão, com a abordagem “Bacia Hidrográfica”, por meio da qual expressou algumas ações da entidade para preservar os recursos hídricos e também mitigar as emissões de carbono. Ela mostrou exemplos do Chile, que está passando por um momento muito problemático porque mais de 50% dos municípios passam por uma crise hídrica, onde oito milhões de pessoas enfrentam problemas para ter acesso à água, pois o país está a 13 anos sofrendo com a seca e com as consequências das mudanças climáticas. “Convido vocês a rever a forma como nos relacionamos com a água e procurar maneiras de aumentar os investimentos na natureza porque ela precisa fazer parte da solução”, orientou.
Com o estudo de caso sobre Santiago, a especialista concluiu sua palestra abordando alguns dos desafios e soluções utilizadas para a conservação da água na cidade chilena.
A Sessão 7.1 foi finalizada com a palestra de Emerson Moreira, da Sabesp, que expôs sobre as mudanças climáticas no contexto do saneamento. Ele apresentou informações gerais sobre a Sabesp, terceira maior prestadora de água e esgoto do mundo com base no número de clientes. Sua apresentação se concentrou na Região Metropolitana de São Paulo, 5ª região mais populosa do mundo. “Temos problemas sociais dos mais diversos, com ocupações de mananciais, alguns urbanos, como os do Guarapiranga e Rio Grande, entre outros problemas que envolvem o risco de abastecimento hídrico”, observou.
Com detalhes sobre os mananciais que atendem a RMSP e a crise vivenciada em 2014, Moreira finalizou sua apresentação enumerando as estratégias operacionais da Sabesp para combater a crise hídrica, que incluem o aumento da oferta, combate às perdas hídricas na distribuição e gestão da demanda noturna.
As apresentações foram finalizadas com a sessão de debates.
No total, são cinco dias inteiros com mais de 40 horas de conteúdo online e 110 especialistas do Brasil e de outros 19 países, compartilhando suas experiências sobre os temas. Nas semanas anteriores, a BWW contou com seis sessões especiais gratuitas no canal da ABES no YouTube (assista aqui). Esta edição da BWW 2022 conta com os patrocínios da Sabesp, ANA, Copasa, Embasa, Funasa, Aegea, Sanasa e Sanepar.