Frequentemente se observa a necessidade de melhores sistemas de informação que alertem as populações e os gestores sobre a iminência de desastres. Nesta sexta-feira, 7 de junho, último dia da Brazil Water Week (BWW) – Semana da Água do Brasil, especialistas do Brasil, Estados Unidos e Inglaterra discutiram o assunto na sessão “Medidas de adaptação para redução do impacto de extremos hidrológicos.
Em sua quarta edição, o mais importante evento internacional de discussão água e saneamento realizado no país é uma realização 100% online, e plataforma digital exclusiva e interativa, da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES).
O debate integra o Tema 8 “Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Segurança Hídrica”. A moderação foi feita por Marcela Nectoux, líder da setorial de Saneamento da Infra Women Brazil.
A sessão abordou questões sobre o potencial de construção de ferramentas que utilizem com eficácia as tecnologias de medição, previsão e alerta tanto para situações de secas como de cheias. Os especialistas falaram sobre a implantação de sistemas de alerta que possam ajudar a colocar em prática planos de contingência e desenvolvimento de sistemas que monitorem e acompanhem a evolução de situações de risco.
Participaram da discussão Carlos Eduardo Castro, diretor Regional do Grupo Águas do Brasil, Stephen Foster, presidente do Grupo de Gestão de Águas Subterrâneas da IWA e professor da University College London (UCL) da Inglaterra, e Nathan Engle, especialista Sênior em Mudanças Climáticas do Banco Mundial (Estados Unidos).
O palestrante Nathan Engle discorreu sobre enchentes e inundações que afetaram 1,3 bilhões de pessoas nas últimas décadas – trazendo impactos econômicos, instabilidades e conflitos -, e gestão de risco de secas. Na visão dele, para gerenciar esses eventos, é necessária uma cooperação entre os governos, trabalhos com entidades não-governamentais e do setor, desenvolvimento de programas e mecanismos para enchentes e secas e diálogo com a sociedade. Também destacou que está sendo desenvolvida uma metodologia de avaliação de resiliência para mensurar os riscos e vulnerabilidades em diferentes setores.
Stephen Foster (Inglaterra) falou sobre o seu trabalho com o Brasil no período de 2000 a 2012 nas cidades de Natal/RN, Fortaleza/CE e Recife/PE. O especialista apresentou dados das águas subterrâneas, tipos de uso, variação geográfica. Ele explicou que os maiores aquíferos muitas vezes não têm proteção efetiva e gestão sustentável desse tipo de recurso. Foster também concorda que é necessário mobilizar os atores e concessionárias nesse aspecto para obtenção do nível adequado de manejo. Stephen Foster finalizou a sua palestra com apresentação de um caso realizado no Peru sobre o tema.
Carlos Eduardo Castro destacou a recorrência de eventos no Brasil e os casos que ocorreram nos estados do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro. Para ele, o país precisa expandir o serviço de coleta e tratamento de esgoto, melhorar a gestão dos mananciais e de riscos, aumentar os recursos para expandir o saneamento, obter resiliência hídrica e proteção de eventos extremos de seca e inundação. Também precisa discutir a financiabilidade da operação e da divisão de custos. Castro ressaltou ainda a importância de promover diálogos estruturados para estabelecer a tese que oferece maior proteção ao sistema contra os eventos extremos.
BWW Connection
O último bate-papo do intervalo da edição 2024 da BWW contou com comentários do presidente da ABES Seção São Paulo, Luiz Pladevall. Ele discutiu, entre outros pontos, os impactos das mudanças climáticas no planeta, um tema urgente no setor, tendo em vista as cheias no Rio Grande do Sul e a seca em outras regiões.
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