Satélite, inteligência artificial, learning machine e digitalização de redes para reduzir as perdas nos sistemas de abastecimento de água são alguns dos temas abordados por especialistas da Alemanha, Peru e Brasil.
Experiências nacionais e internacionais para identificação de vazamentos, com objetivo de aumentar a produtividade e assertividade na localização e reduzir a duração dos vazamentos não-visíveis foram debatidas durante a sessão “Tecnologias aplicadas à gestão de redução de perdas” da Brazil Water Week (BWW) – Semana da Água do Brasil 2024, nesta terça-feira, 4 de junho. O assunto integra o tema 5 da BWW “Gestão Eficiente”, assunto fundamental para os operadores de sistemas de abastecimento de água nacional.
A BWW, o mais importante evento internacional de discussão sobre água e saneamento realizado no país, é promovido pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES) até esta sexta (7), de forma online, em plataforma digital exclusiva e interativa, com o tema central “Água e Saneamento para o desenvolvimento sustentável”. O conteúdo da BWW 2024 ficará disponível online por 90 dias para os inscritos. Você ainda pode se inscrever para acompanhar o evento (clique aqui).
Luiz Pladevall, sócio-diretor da CPS Engenharia e Soluções e presidente da ABES-SP e coordenador do Tema 5 desta edição, foi o moderador desta sessão que contou com: Adriano Camino, sócio-diretor da Nortech; Gustavo Valverde, gerente de Projeto Sênior na Xylem do Peru; Nivaldo Rodrigues da Costa Junior, superintendente de Desenvolvimento Operacional da Sabesp, e Nicolas Caradot, chefe do grupo “Cidade Inteligente e Infraestrutura” – Kompetenzzentrum Wasser Berlin, um centro de pesquisa aplicada sem fins lucrativos na Alemanha.
O superintendente da Sabesp, Nivaldo Rodrigues da Costa Junior, discorreu sobre como a questão tecnológica tem orientado o combate às perdas, principalmente em São Paulo. “Vivemos numa área de stress hídrico, com adensamento populacional muito grande. Buscar novos mananciais é muito mais difícil, então temos que trabalhar com redução de perdas, esse é o nosso objetivo”, explica. Segundo ele, neste cenário, as tecnologias são fundamentais, mas com a ressalva de que devem ser sempre precedidas pelas boas práticas de combate às perdas: “As tecnologias devem potencializar e incrementar os resultados”, concluiu.
A tecnologia para detectar vazamentos não visíveis por satélite, que também foi utilizada em São Paulo, foi o tema apresentado por Adriano Camino, sócio-diretor da Nortech. De acordo com o executivo, o caso da Sabesp foi um desafio, por se tratar de uma região bastante crítica, com todos os tipos de interferência. “E, neste caso, em 288 km foram confirmados 82 vazamentos e aumentamos a eficiência da equipe em 478%”, destacou.
Gustavo Valverde, da Xylem, palestrou sobre a detecção de vazamentos que se concentram na primeira etapa, em tubulações de grandes diâmetros. Ele explicou como a técnica Smart Ball, utilizada há muitos anos, vem sendo aplicada: “E, por experiência, sabemos que a investigação acústica para detectar vazamentos acaba encontrando outras anomalias como conexões ilegais, como consumo não autorizado”.
Já o Nicolas Caradot, deu uma visão geral da digitalização das redes de águas urbanas e das soluções digitais em gestão de águas. Abordou temas como machine learning modelling (modelo de aprendizagem de máquina) e como a tecnologia está sendo aplicada, por exemplo, para avaliar a qualidade da água em rios para permitir a abertura de áreas para o nado, nos Jogos Olímpicos, que serão realizados em Paris.
No final, Pladevall ressaltou a importância do assunto. “Foram mais de 330 inscritos assistindo ao vivo nossa sessão hoje, o que demonstra a extrema relevância do tema para o nosso setor”.
BWW Connection
A palestra do BWW Connetion deste segundo dia abordou o tema “Crise climática: o fenômeno global e os eventos extremos no Rio Grande do Sul”. A apresentação foi feita especialista Vânia Elisabete Schneider, doutora em engenharia de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental e professora da Universidade Federal de Sergipe – Instituto de Pesquisas sobre Desastres (IPD/UFS).
Após a palestra, a apresentadora Daniela Lobo recebeu no estúdio da BWW 2024 para o bate-papo do intervalo Luis Eduardo Grisotto, diretor da ABES-SP e coordenador do tema 7 –“Financiamento do setor de saneamento”, além de coordenador da Câmara Técnica de Gestão de Recursos Hídricos da Seção; e Marisa Guimarães, coordenadora-geral desta edição do evento e do Tema 4 – “Regulação”, coordenadora da Câmara Temática de Regulação e Tarifas da abes e diretora da ABES e diretora da ABES-SP.
O bate-papo contou também com a presença, de forma virtual, de especialistas do Rio Grande do Sul Anderson Ruhoff, professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IPH/UFRGS); Nanci Begnini Giugno, engenheira, mestre em planejamento urbano e regional; Rafael Volquind, coordenador da Câmara Temática de Meio Ambiente da ABES e coordenador do Tema 8 da Brazil Water Week – “Meio ambiente, mudança climática e segurança hídrica”; e Paulo Robinson da Silva Samuel, presidente da ABES-RS.
A Diretoria Nacional da ABES também marcou presença no BWW Connection. Participaram online Mário Guerino (vice-presidente); Lucia Coelho (diretora) e Vanessa Britto (diretora Nordeste)
Os convidados falaram sobre o cenário do Rio Grande do Sul, fortemente atingido entre abril e maio por chuvas e enchentes, deixando parte do estado em baixo d’água. Também analisaram se as mudanças ocasionadas pelo aquecimento global, somadas às características hidrológicas do estado, contribuem para situações extrema.