Inclusão social e acesso universal. Eis o eixo necessário para que todas as pessoas no mundo sejam incluídas no saneamento e fornecimento de água de maneira justa, digna e igualitária, em especial em regiões periféricas, remotas e de difícil localização. Este foi o mote da Sessão 1.1 – “Solução unificada: redefinindo a visão das conexões à rede regular de esgoto e saneamento em áreas vulneráveis”, do Tema 1 – Inclusão social e acesso universal, ocorrida na manhã de 4 de junho, durante a 4ª Brazil Water Week (BWW 2024) – Semana da Água do Brasil. Considerada a mais importante conferência internacional sobre água realizada no país, a iniciativa é da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES) e acontece online, em plataforma online exclusiva e interativa até esta sexta (7).
A moderação foi feita por Juliana Almeida Dutra, diretora de Projetos da Deep, coordenadora adjunta desta edição da BWW e do Tema “Inclusão social e acesso universal”; e Marina de Castro Rodrigues, coordenadora de Sustentabilidade na Aegea Saneamento e coordenadora da Plataforma de Ação pela Água e Oceano do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil.
“Nós trouxemos esses especialistas para não apenas para falar de regulação e expertise, mas para mostrarmos soluções possíveis em alcançar a universalização”, afirmou Juliana Dutra, que também coordena a Câmara Temática de Prestação de Serviços da ABES e é diretora da ABES-SP, dando início aos trabalhos.
Jay Bhagwan, presidente do Grupo de Especialistas da IWA para Soluções localizadas de esgotamento sanitário na África do Sul, foi o primeiro a falar, trazendo um número alarmante: 4 bilhões no planeta não estão recebendo saneamento e água em plenitude. Os desafios da escassez e desperdícios de recursos hídricos, a necessidade de os governos voltarem os investimentos para o uso consciente e o sucesso das parcerias foram os motes.
“A realidade do saneamento não é igualitária e precisamos de decisões rápidas para atender as necessidades, já que a aceleração das cidades e as mudanças climáticas também vão exacerbar e causar uma demanda por água. A questão não é apenas este recurso que é o saneamento, mas o uso consciente da água”, frisou.
Já Eduardo Pelaes Ortiz, profissional Comercial da Unidade de Oferta de Casas/Empresas Públicas de Medellín (EPM), Colômbia, trouxe o exemplo da gestão de água potável e o saneamento da companhia, que alcança mais de 7 milhões de usuários, em mais de 60 anos de operações. “Somos uma empresa pública, concentrando esforços na Colômbia e no Chile. Também prestamos serviços em mais nove países nas áreas de transição energética, gestão de resíduos sólidos, mas principalmente em conectar a qualidade de vida às pessoas, em especial as que estão nas periferias”, disse.
Édison Carlos, diretor de Sustentabilidade da Aegea e presidente do Instituto Aegea, trouxe o case da Águas de Manaus, com as instalações, em 2018, de 350 metros de tubulação de esgoto em becos de palafitas, com destaque para o Beco Nonato, sendo essa iniciativa premiada pelas Nações Unidas.
Ele também ressaltou que as regiões Norte e Nordeste do Brasil ainda concentram as maiores desigualdades de saneamento. “A maior parte das cidades brasileiras são de menos de dois mil habitantes e temos 32 milhões de brasileiros que não têm acesso à água, cuja maioria dessa população é preta e parda, com privação de esgotamento sanitário. Esse público é o nosso foco, queremos levar essas estruturas às populações pobres, pretas, periféricas”, destacou.
Por fim, Trinah Kyomugisha, cientista de Saúde Ambiental no Ministério da Água e Meio Ambiente, Uganda, falou dos sistemas de recuperação de água, por meio de uma abordagem holística entre governos locais e nacionais e as comunidades desabastecidas, por meio de planos de curto (3 anos), médio (5 anos) e longo prazo (10 anos), respeitando as características de cada município. “Uganda possui mais de 20 milhões de pessoas vivendo em regiões urbanas e peri-urbanas, muitas delas desassistidas. Desenvolvemos um planejamento detalhado, formando clusters. Antes, os governos locais tinham o seu alinhamento estratégico no tema, porém muito limitado. Por meio da nossa Força Tarefa de Saneamento, que inclui engenheiros, líderes comunitários e religiosos, conseguimos expandir a capacidade de mobilização em abastecimento, chegando a 35% de aporte financeiro”, arrematou.
Após as apresentações, os debatedores responderem os questionamentos do público.
A BWW 2024 segue até esta sexta-feira, 7 de junho, com o tema central “Água e Saneamento para o desenvolvimento sustentável”. O conteúdo da BWW 2024 ficará disponível online por 90 dias para os inscritos. Você ainda pode se inscrever para acompanhar o evento (clique aqui).
BWW Connection
No primeiro talk show do intervalo do segundo dia da BWW 2024, a apresentadora Daniela Lobo conversou com Luis Eduardo Grisotto, diretor da ABES-SP, coordenador da Câmara Técnica de Recursos Hídricos da Seção e coordenador do tema 7 desta edição do evento “Financiamento do setor de saneamento, juntamente com Nelson Campos Lima, diretor de Engenharia e Obras no DAEE – São Paulo.
Na oportunidade, Luis comentou e destacou tópicos importantes da sessão “As conexões à rede regular de esgoto e saneamento em áreas vulneráveis”, tema de grande importância para a universalização do saneamento no Brasil.